Na última sexta-feira (25/04/2025), durante a abertura da sessão plenária 1.709 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o presidente Vinicius Marchese anunciou uma decisão histórica do Ministério da Educação (MEC): a extinção de cursos de engenharia, incluindo engenharia mecânica, no formato 100% a distância (EAD). A medida, que também abrange cursos da área da saúde, reforça a importância de atividades práticas presenciais para a formação de profissionais qualificados. O decreto oficial, que estabelecerá os limites percentuais de EAD permitidos, está previsto para ser publicado até 9 de maio de 2025.
Uma Conquista para a Engenharia Brasileira
A decisão do MEC atende a uma demanda antiga do Confea e de profissionais do setor, que defendem a necessidade de uma formação robusta para engenheiros. “É uma luta de muito tempo. Sabemos da importância da carga presencial para formar bons profissionais de engenharia, essenciais para o desenvolvimento do país”, destacou Marchese. O presidente celebrou a medida junto aos conselheiros federais, enfatizando que “não há mais espaço para negociação” sobre cursos 100% EAD.
O coordenador do Colégio de Presidentes, eng. civ. Lamartine Moreira, elogiou a liderança de Marchese: “O senhor capitaneou essa mudança, que atende às demandas dos profissionais e garante uma engenharia mais qualificada.” A Comissão de Educação e Atribuição Profissional (Ceap) do Confea também foi reconhecida pelo trabalho contínuo junto ao MEC, fornecendo subsídios técnicos para embasar a decisão. “Essa é uma luta dos nossos profissionais e instituições de ensino que trabalham seriamente”, afirmou o coordenador da Ceap, eng. civ. Osmar Barros Júnior.
Declarações do MEC e Impactos Esperados
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo (25/04/2025), o diretor de Regulação de Educação Superior do MEC, Daniel Ximenes, explicou que engenharias e áreas da saúde são “segmentos sensíveis” que exigem “cargas de presencialidade mais significativas”. A nova regulamentação definirá percentuais máximos de EAD, garantindo que os cursos mantenham práticas presenciais indispensáveis, como laboratórios e projetos aplicados.
Ximenes também destacou que o governo busca um “pacto pela credibilidade do EAD”, reconhecendo o modelo como uma “tendência irreversível”, mas com limites claros para áreas críticas. Anteriormente, o MEC já havia suspendido a criação de novos cursos e vagas EAD no ensino superior privado, sinalizando maior rigor na regulamentação.
Repercussão na Comunidade de Engenharia
Logo após o anúncio, o presidente do Confea, Vinicius Marchese, compartilhou a novidade em um vídeo nas redes sociais, reforçando o impacto positivo da medida. “O MEC entendeu que engenharia é um segmento sensível, que exige carga presencial. Essa é uma vitória para quem acredita numa engenharia mais forte e valorizada”, afirmou. Ele também mencionou reuniões recentes com o MEC, incluindo uma na mesma semana, para tratar dessa pauta.
A decisão é vista como um marco para a engenharia mecânica, que depende de disciplinas práticas como mecânica dos fluidos, termodinâmica e manufatura. A formação presencial permite que os futuros engenheiros desenvolvam habilidades técnicas em ambientes controlados, como laboratórios de materiais e oficinas de prototipagem, essenciais para a segurança e inovação em projetos.
O Que Esperar do Decreto?
O decreto, esperado até 9 de maio de 2025, trará detalhes sobre os percentuais permitidos de EAD em cursos de engenharia. A expectativa é que as instituições de ensino se adaptem rapidamente, revisando seus currículos para incorporar atividades presenciais. Para estudantes e profissionais, a medida reforça a valorização da profissão e a garantia de uma formação alinhada às exigências do mercado.
Por Que Isso Importa para a Engenharia Mecânica?
A engenharia mecânica é uma das áreas mais impactadas pela decisão, dado seu caráter prático e técnico. Projetos de máquinas, sistemas térmicos e automação exigem treinamento hands-on, que não pode ser substituído integralmente por aulas virtuais. Com a proibição de cursos 100% EAD, o Brasil dá um passo rumo à formação de engenheiros mais preparados para enfrentar desafios como a transição energética, a indústria 4.0 e a infraestrutura sustentável.
Fonte: Confea – MEC define posicionamento contra o EAD 100% online nas engenharias, acessado em 29/04/2025; O Estado de S. Paulo (25/04/2025).